Analytics

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Ignorar a Logística ou a arte de jogar dinheiro fora

Ao trocar e-mails tratando de assunto do meu ultimo post com um amigo editor, me lembrei de um assunto que já tratei várias vezes em cursos e em outros post aqui, mas como pude constatar neste projeto do edital de Livros de Baixo preço, a situação mudou tão pouco, que vou voltar ao assunto sem medo de ser repetitivo.
O amigo em questão é de uma das poucas editoras que, enquanto eu estava na Superpedido eu não precisava me preocupar com prazo de entrega e qualidade das informações prestadas. Não precisava me preocupar porque sabia que suas entregas aconteceriam em até um dia útil após ter enviado o pedido e se algum item não pudesse ser atendido nós seríamos informados a tempo de tomar as ações necessárias para dar o melhor atendimento aos nossos clientes.

Quando digo poucas quero dizer, dá pra contar nos dedos e ao incluir as duas mãos, estou sendo generoso com algumas destas. A quantidade de erros cometidos pelas editoras em todo o seu processo chega a ser desesperador. Nas minhas estatísticas no tempo da distribuidora, pelo menos 70% dos pedidos vinham com inconsistências. Os mais frequentes eram:
  • Títulos pedidos e não entregues, sem aviso prévio nem informação posterior de suas faltas;
  • Títulos não solicitados e incluídos nos pedidos;
  • Quantidades de livros nas caixas divergentes do descrito nas NFs (para maior ou menor);
  • Falta de anotação dos nossos números de pedidos (indispensável para dar celeridade ao processo);
  • Embalagens inapropriadas que danificavam os livros;
  • Livros sem condições de revenda;
  • Preços de capa alterados, sem que fossemos informados antecipadamente destas alterações;
  • Descontos e prazos divergentes dos combinados



Quanto aos erros em descontos e prazos, até mesmo nas NFs de acertos de consignação os problemas descritos eram verificados, ou seja, após todos os erros já cometidos quando da manipulação das mercadorias, ao emitir uma NF que deveria ser um espelho da prestação de contas geradas, as quantidades eram alteradas e os descontos preenchidos erroneamente.

O resultado dessa confusão toda é um aumento imenso no prazo de atendimento dos pedidos e ao mesmo tempo, uma ampliação dos custos operacionais que sacrificam não só os distribuidores e livreiros, mas também a própria editora, pois ao dispender tempo para corrigir o que deveria ter sido feito certo desde a primeira vez, a equipe e os recursos são ocupados desnecessariamente e, consequentemente, mais dinheiro é gasto em ações que não geram receitas.

Ao atrasarmos a chegada de um livro que foi pedido por um cliente, seja uma livraria que fez seu pedido para um distribuidor, ou da livraria diretamente para uma editora, quem deixa de receber um livro procurado no tempo e local desejado é o cliente final, Sua Excelência “O Leitor”, que pode muito bem comprar outra coisa no lugar do livro que não chegou. Esta conversa de que livro não é commodity está ficando superada, graças à concorrência de internet e outras formas de aquisição de conteúdo.

É tão difícil conquistar um espaço de vendas numa livraria para colocar livros emprestados (no fundo consignação é isso) e quando alguém quer comprar nossos livros nós atendemos de forma displicente?
Não tenho a menor dúvida que precisamos estar atentos às novas tecnologias, mas tem empresa pensando demais no digital e descuidando de maneira perigosa dos processos físicos e deixando escorrer pelos dedos um dinheiro que o digital ainda vai levar alguns anos para deixar na conta.

Nenhum comentário: