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sábado, 22 de novembro de 2014

Preço Fixo no Livro. Por que a discussão é mais importante agora?

Nestas últimas semanas de 2014 um tema muito vezes comentado, mas pouco discutido com a profundidade necessária, voltou à baila com uma baita força. A Lei do Preço Fixo do Livro.
Apesar de por ideologia eu ser contra deixar o mercado regular qualquer coisa por si só, sempre achei que uma lei que obrigasse livrarias a manter o preço de capa sugerido pela editora seria uma restrição à capacidade operacional das livrarias que pudessem oferecer um preço melhor aos seus clientes, ou seja, os nossos queridos leitores.

Meu entendimento sempre foi que como o Brasil é um dos países onde se pratica o maior desconto médio das editoras ao varejo e ninguém consegue voltar atrás nos descontos que um dia foram concedidos aos livreiros, obrigar todas as livrarias a vender pelo mesmo preço somente iria beneficiar as grandes redes, pois se é verdade que estas tem os maiores descontos é igualmente verdadeiro que o custo de infraestrutura destas grandes redes é maior que o das pequenas e médias livrarias. Portanto, livrarias de menor porte e que tenham uma boa gestão podem na verdade, levar vantagem na competição por margem no final das contas. Eu já estive na gestão de empresas de todos os portes e a manutenção de grandes áreas e grandes infraestruturas podem corroer facilmente o ganho adicional de descontos de compra destas grandes cadeias livreiras.

Mas hoje o que vivemos é bem distinto. Nós temos concorrentes que necessariamente não dependem da venda de livros em si para garantirem sua existência, sua permanência no mercado. A venda de livros serve, principalmente, para atrair clientela qualificada que depois que entram na sua área de negócios interessada em títulos de grande apelo, é convidada a adquirir vários outros produtos onde estes varejistas podem facilmente recuperar a margem “generosamente” concedida no produto livro.

Contra isso, livreiros de fato não conseguem competir. E com isso toda a diversidade cultural que livrarias trazem no amago de sua existência é definitivamente destruída. Mesmo que ela reduza expressivamente seu mix de produtos para trabalhar com itens de maior giro, evitando os fundos de catalogo que poderiam permiti-la manter-se competitiva com as livrarias generalistas, ao fixar sua atuação na lista de mais vendidos à concorrência com grandes players é avassaladoramente desigual.
Por isso hoje, sem nenhuma duvida, acredito que seja fundamental que haja controle sobre as promoções de preços que são realizadas.

Mas o que aconteceria no espaço de um ano se a Lei do Preço Fixo fosse realmente implantada? Quem se se atreve a fazer este tipo de exercício?

Vou me arriscar no próximo post...


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