Nestas últimas semanas de 2014 um tema muito vezes
comentado, mas pouco discutido com a profundidade necessária, voltou à baila
com uma baita força. A Lei do Preço Fixo do Livro.
Apesar de por ideologia eu ser contra deixar o mercado
regular qualquer coisa por si só, sempre achei que uma lei que obrigasse
livrarias a manter o preço de capa sugerido pela editora seria uma restrição à
capacidade operacional das livrarias que pudessem oferecer um preço melhor aos
seus clientes, ou seja, os nossos queridos leitores.
Meu entendimento sempre foi que como o Brasil é um dos países
onde se pratica o maior desconto médio das editoras ao varejo e ninguém
consegue voltar atrás nos descontos que um dia foram concedidos aos livreiros, obrigar
todas as livrarias a vender pelo mesmo preço somente iria beneficiar as
grandes redes, pois se é verdade que estas tem os maiores descontos é
igualmente verdadeiro que o custo de infraestrutura destas grandes redes é
maior que o das pequenas e médias livrarias. Portanto, livrarias de menor porte
e que tenham uma boa gestão podem na verdade, levar vantagem na competição por
margem no final das contas. Eu já estive na gestão de empresas de todos os
portes e a manutenção de grandes áreas e grandes infraestruturas podem corroer
facilmente o ganho adicional de descontos de compra destas grandes cadeias
livreiras.
Mas hoje o que vivemos é bem distinto. Nós temos
concorrentes que necessariamente não dependem da venda de livros em si para
garantirem sua existência, sua permanência no mercado. A venda de livros serve,
principalmente, para atrair clientela qualificada que depois que entram na sua área
de negócios interessada em títulos de grande apelo, é convidada a adquirir
vários outros produtos onde estes varejistas podem facilmente recuperar a
margem “generosamente” concedida no produto livro.
Contra isso, livreiros de fato não conseguem competir. E com
isso toda a diversidade cultural que livrarias trazem no amago de sua
existência é definitivamente destruída. Mesmo que ela reduza expressivamente
seu mix de produtos para trabalhar com itens de maior giro, evitando os fundos
de catalogo que poderiam permiti-la manter-se competitiva com as livrarias
generalistas, ao fixar sua atuação na lista de mais vendidos à concorrência com
grandes players é avassaladoramente
desigual.
Por isso hoje, sem nenhuma duvida, acredito que seja fundamental
que haja controle sobre as promoções de preços que são realizadas.
Mas o que aconteceria no espaço de um ano se a Lei do Preço
Fixo fosse realmente implantada? Quem se se atreve a fazer este tipo de
exercício?
Vou me arriscar no próximo post...
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